Rios que correm

Letícia Moreira
1 min readJan 30, 2021

Às vezes preciso chorar pra não morrer por dentro.

Às vezes choro e escrevo ao mesmo tempo.

Tiradas nas folhas de um caderno, encontrei linhas de desabafo. Leio como consolo auto investido, um afago que deixei a mim como aqueles que ofereço aos outros quando testemunho suas dores. Sou ótima consoladora, não sendo eu o ser consolado. Imaginem minha surpresa, pega desprevenida por palavras que saíram de algum lugar em mim sem que eu me desse conta, palavras que eu precisava ouvir no exato momento em que as encontrei — mágica.

Talvez seja esse o conceito de “escrever no fluxo da mente". Descobrir que a mente guarda cuidados, silenciosa, pra não me sucumbir em ruínas.

Às vezes dói sentir, não importa quão irracional ecoe na mente intelectual — Solidão.

Não sou sozinha. Mas me sinto só.

Transcrevo-as tal como vieram— sem ceder ao ego — para honrar quem eu fui ali:

"Não me sinto sozinha quando lembro que sou feita de poeira de estrelas. Que meus ossos um dia foram caules de árvores seguras e que em meu sangue correm também rios."

Que os rios corram e a vida siga — em fluxo.

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Letícia Moreira

em algum lugar, a qualquer momento, a gente se encontra, só pra se perder de novo. Insta: @lettiemoreira e @maisquesetimarte